A um mundo de rios quebrados
e distâncias inatingíveis
na patinha desse gato quebrada pelo automóvel,
e eu ouço o canto da lombriga
no coração de muitas meninas.
Óxido, fermento, terra estremecida.
Terra tu mesma que nadas pelos números do escritório.
Que vou fazer? Ordenar as paisagens?
Ordenar as árvores que logo são fotografias,
que logo são pedaços de madeira e goles de sangue?
Santo Inácio Loiola assassinou um pequeno coelho
e ainda seus lábios gemem pelas torres das igrejas.
Não, não, não, não; eu denuncio.
Eu denuncio a conjura desses desertos escritórios
que não irradiam as agonias, que apagam os programas da selva,
e ofereço-me para ser comido pelas vacas espremidas
quando seus gritos enchem o vale
onde o rio Tietê se embriaga com azeite.
Gabriel de Garcia Lorca
1929